Adeus, Will

Vilma

ADEUS WILL - WILHELMINA WERKHOVEM

Não nasceu em Leme, não cresceu em Leme, mas a sua convivência aqui a transformou em cidadã lemense e a fez querida por todos; naturalizou-se e daqui não saiu mais.

Nascida em 1936 em Utrecht, na Holanda, Wilhelmina Werkhovem, a Vilma do Coquinho, tornou-se brasileira em 21 de outubro de 1982, 18 anos depois de ter chegado de navio em Santos-SP trazendo na bagagem um contrato de dois anos de trabalho como enfermeira parteira na Santa Casa de Misericórdia de Leme e uma bicicleta Peugeot; quando aqui chegou viu que tinha feito um bom negócio embora falasse em português somente bom dia e olá! Sempre brigou com as algumas palavras brasileiras....

Terminado o contrato com a Santa Casa Wil foi trabalhar como massagista em domicilio e como voluntária no projeto S.O.S. comandado pelo Sr. Kamal Taufic. Em 08 de junho de 1967 recebe uma moção de aplauso da Câmara Municipal de Leme por ter conseguido com seus patrícios dinheiro suficiente para a compra de uma ambulância Vokswagem para o projeto S.O.S. Vilma me contou que o acidente com o Cônego Manoel Simões de Lima foi decisivo para o pedido de ajuda a familiares e amigos. Muitas crianças foram encaminhadas ao Hospital das Clinicas em São Paulo graças à aquisição desta ambulância.

O jornal O MUNICÍPIO de número 2551 de 05 de março de 1967 publica uma matéria que Wilhelmina Werkhovem havia conseguido “Um mil cruzeiros novos para a Matriz de São Manoel”.

Em 1969 torna-se sócia da Papelaria Coquinho, de 1975 a 1992 da empresa Coquinho Presentes e depois do “Natur Park”, área de preservação ambiental no Bairro Taquari Ponte aqui na cidade de Leme-SP.

Convidada para ser Secretaria de Saúde pelo prefeito Victório Bonfanti, Wil disse “não” alegando que não entendia nada de política e, continuou não concordando com a cultura política brasileira quando os “fins não podem justificar os meios” e sempre disse em alto e bom tom que “não existe futuro político sem a educação política”. Segundo Will “ a política tem que construir caminhos para melhorar o atendimento da população nas suas necessidades possibilitando uma melhor qualidade de vida principalmente na área da saúde.”

Em 1994 na equipe da provedora Ruth Baccaro Violin torna-se tesoureira da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Leme, saneando as contas com quase infinitas campanhas e, trazendo novamente da Holanda recursos que somaram 10.000 dólares utilizados na compra de equipamento de oxigenação para pacientes em cirurgias. Com a colaboração de empresários lemenses iniciaram a compra de leitos e equipamentos para a UTI que viu pronta quando deixou o cargo em 2002.

Em 1996 aceitou a indicação do coletivo cristão que frequentava e participou do pleito eleitoral como candidata a prefeita da cidade de Leme pelo Partido dos Trabalhadores, inaugurando assim a presença feminina em eleições para cargos majoritários.

Aos 84 anos Wil disse que não acreditava em soluções políticas miraculosas a não ser as que são impostas pela natureza e entendidas pelo homem como lição de mudança.

Aos 86 anos contrai o vírus da Covid-19 é internada e não resiste vindo a falecer dia 29 de junho de 2022.

Leme ficou mais vazio em Will e sua ética, bondade e alegria. Vá em paz companheira!

(texto originalmente publicado em 20 03 2020 por ocasião do Dia Mundial das Mulheres)