Paulo Roberto Blascke, uma história de Luta – parte 1
Conheça um pouco da história do primeiro prefeito do PT em Leme.

Uma história de Luta
por Maria Izabel Parolim.
Paulo Blascke nasceu 04 de janeiro de 1965 em Leme (SP). Seus pais Antonio Blascke e Eva Antonia Benedita Pereira trabalhavam como meeiros da plantação de café no Bairro República em Leme-SP, e trabalhando duro conseguiram comprar três lotes no Bairro Santa Rita. Era 1963. Nesses lotes construíram casa de bambu e barro e ali moraram até construir casa de tijolo. Foram um dos primeiros moradores do bairro. Paulo é o caçula de quatro irmãos: Zilda, Madalena, José Luis Donizete e Maria Filomena.
Paulo fez o ensino fundamental na escola SESI 208 em Leme e aos 14 anos já trabalhava primeiro numa fábrica de gaiola, depois na Vidraçaria Lemense (1979) e, depois, acompanhando o pai na Usina Cresciumal (1980). Lá fazia serviços gerais como capinar, abastecer aviões com veneno, passar veneno e tal.
Seu Antonio, um apaixonado por futebol, levava os filhos consigo para assistir jogos na cidade e zona rural de Leme e Araras; não deu outra Paulo passou a jogar bola com a molecada do bairro.
Aos 17 anos ajuda a organizar o time do Colorado. Eram três times: o Santa Rita comandado pelo Gaboli, o Estrela pelo Padeiro e o Colorado. Era praxe na época, e a Lei Eleitoral permitia, que os políticos em época de eleição desses jogos de camisa para os times, mas nos outros três anos os times tinham que se virar para se manter com bolas, redes e outros materiais. Então o Colorado vendia um carnê que a cada mês sorteava um rádio para o colaborador. Os rádios eram fornecidos, um por mês, por 12 patrocinadores que levavam o logo na capa do carnê. A organização chegou num requinte que se algum “jogador” ficasse doente ou perdesse o emprego era mantido pelo time com recursos próprios.
Em 1986 a Associação de Amigos do Bairro Santa Rita, idealizado pelo Sr. Angelo Luvizotti, passou para o comando dos três times.
Na gestão do Orlando Leme Franco (1983-1988) existia a coleta de lixo que era comandado pelo Gastão, irmão do prefeito. O irmão do Paulo, o José Luis (Carazão) já trabalhava na coleta e sabendo da existência de uma vaga o avisa e, então, o Paulo passa a trabalhar na Prefeitura do Município de Leme. Era 1984. Nessa época Paulo tinha 19 anos e já estava casado com Ligia Balduino da Silva.
O salário era pouco e, então, os coletores que ficavam esperando o caminhão descarregar perto da Bebidas Scherma, pediram patrocínio pro Sodinha para que os coletores tivessem uniforme, mas foram barrados pela administração. Começou então a organização de um movimento para conseguir aumento de salário.
Em 11/02/87, Paulo passou a ser motorista de caminhão do lixo e sugeriu várias mudanças na coleta, como um rodízio entre o centro e a periferia onde os coletores revezavam nos setores estabelecidos.
Fizeram greve que não resolveu o problema e, então, passaram a frequentar as sessões da Câmara Municipal para buscar junto aos vereadores uma solução. Foi assim que Paulo viria a conhecer, em 1990, Valentin Ferreira, vereador pelo PT, e Paulo Rovai, diretor do SISPREV e também militante no Partido dos Trabalhadores.

Leme não tinha sindicato, só extensão de base. Existia a Associação dos Servidores que era comandada pelo Sergio Marchi.
Então Blascke e companheiros fundaram o Sindicato dos Servidores com todos os registros exigidos para tal. Paulo Roberto Blascke foi o primeiro presidente.
Em 1991 ocorreu outra greve que durou 25 dias. A Saecil parou. Conseguiram um acordo com o então prefeito Luizinho Marchi que não foi cumprido. Os servidores distribuíram um panfleto denunciando o descumprimento onde Luizinho aparecia com o nariz do Pinóquio. A partir daí não teve mais acordo e o prefeito Luizinho Marchi demite todos os diretores do Sindicato entre eles Paulo Blascke, José Luis Blascke, Marcos Teles, Finorinho (hoje tem um bar na bancária) e, assim, acabou a primeira ação do Sindicato que ficou “parado” durante anos até ser resgatado por outros servidores da municipalidade.
Paulo fica sem emprego e vai trabalhar com Paulo Rovai no SISPREV, que acabou tendo uma Casa referência na região: trabalhava também como vigia à noite na chácara do Alcides Rovai que estava em construção.
Deixou a Casa Sindical e foi vender sapatos convidado pelo amigo Jurandir Guidini. Neste trabalho ficou durante um ano e, depois, foi convidado por outro amigo, Oséias, para vender livros jurídicos que oferecia maior condição de ganho. (continua…)

