A Câmara de Vereadores entre 2001 e 2004.
Relato da Vereadora Bel Parolim.

A Câmara de Leme (2001-2004)
"Fui eleita pela minha incursão na vida cultural da cidade, por ter atuado na igreja, pela minha família e por estar vice-diretora da “E.E. Newton Prado”.
Quando eleita em 2000 para mandato 2001-2004 fui uma surpresa para todos do partido, já que eu entrei pra ajudar a eleger companheiros. Ninguém do partido compareceu na minha posse e não orientou votação a não ser uma ou outra conversa com Paulo Blascke. Me sentia como um cristão jogado aos leões.
Já vinha surpresa com as reuniões para escolha do presidente da Câmara que teve um impasse com votos marcados, na época a votação era secreta. Os acertos burocráticos nos fizeram ficar na Câmara das 10 h às 15 h do dia 01/01/2001. João Machado se tornou presidente da Câmara e José Parroti passou o resto do mandato aniquilado. Perdeu força política.
Aprendi com meus pares de outros três partidos, Joubert Faciolli, João Santoro e Orozimbo Sandoval. Deles tive orientação durante as sessões camarárias até me aprumar estudando o regimento da casa. Nunca o dominei, confesso. Na dúvida procurava os advogados da casa e meus pares. Só com mais tempo na vereança que conseguia ler as entrelinhas nos projetos que chegavam do executivo ou de meus pares vereadores.
Cometi erros homéricos por ouvir demais as pessoas, mas no final do mandato nem meus requerimentos pedindo informações sobre os valores gastos e aplicados na educação eram mais aprovados. Era a única da oposição e tratada como tal.
Estar sozinha na casa era uma armadilha. Quando pedi uma CPI na saúde para o caso da Casa da Mulher, por irregularidades na época, foi uma tragédia. A comissão passou e eu era presidente, mas a comissão não trabalhou e o resultado foi insignificante. Tentaram me cansar para não pedir outra CPI.
Não aprovei nenhum projeto e o da tribuna livre foi derrotado um ano para ser aprovado pela casa com autoria de JM. Me opunha a votos de medalha e título de cidadão por achar que nem todos tinham real merecimento e eram apenas atos políticos para agradar familiares e eu respeitava a maioria do partido que decidia minha votação nas sessões durante reuniões na sede do partido aos sábados.
Essa sede ficava na Barra Funda e era o nosso local de encontro político, mas também serviu de abrigo a professores que deram aulas de matemática e dança, alojou pessoas ligadas ao MST e promoveu discussões sobre temáticas importantes da época. Tínhamos convidados para um debate específico com filiados ou vereadores do PT das cidades da região. Serviu também como lugar de encontro da Trupe Circulante capitaneada por Henrique Andrielli onde se preparavam para as apresentações pela cidade.
Compareci a todos as sessões e em todas as audiências públicas e às vezes era a única vereadora presente.
O prefeito eleito foi Geraldo Macarenko que no meio da gestão mudou de partido, indo para o PDT e, durante as audiências públicas em que comparecia me chamava de “companheira”. Me presenteou com o primeiro discurso de Lula impresso em forma de livreto que ele deve ter recebido em seu gabinete de prefeito. Isso não me impediu de ter entrado contra ele com pedidos de CPI devido a compras superfaturadas de computadores para as escolas da cidade. Na época, eu, Marcos Zani (na época no PT), Paulo Blascke e Tatálo (ex-prefeito de Pirassununga) assinamos denúncias que entraram na Câmara e não viraram CPI, mas esse arsenal de documentos foi enviado ao Ministério Público que, mais tarde foi usado por Wagão e seus correligionários como mote para cassá-lo na gestão 2004-2008, quando Wagão era o vice do Macarenko. (Dezembro/2021)"
Maria Izabel Parolim
Vereadora PT Leme
2001-2004
