Maria Augusta Thomaz, uma lemense de quem nos orgulhamos
Maria Augusta Thomaz foi uma lemense militante da esquerda assassinada pela ditadura militar em 1973. Aqui você saberá um pouco mais sobre ela.

Talvez poucos conheçam a história de uma jovem que hoje dá nome ao um simpático trecho de avenida em Leme.
Por Reinaldo Barros Cicone, jan/21
Maria Augusta Thomaz, uma lemense de quem nos orgulhamos

A tranquilidade do trecho, entretanto, não condiz com a violência de sua morte, assassinada pela ditadura militar, que também sumiu com seu corpo.
Maria Augusta, nasceu em Leme mudou-se para São Paulo estudar filosofia. Lá teve contato com o movimento estudantil, participou do Congresso de Ibiúna que foi invadido pelo exército e depois ligou-se à Ação Libertadora Nacional, de Marighella. Mais tarde participaria da divisão que criou o Movimento de Libertação Popular, Molipo, onde militaria também o ex-presidente do PT José Dirceu, entre outros.
No quadro abaixo dá para conhecer um pouco das organizações que resistiram à ditadura militar nos anos 1960 e 1970.

Para um quadro completo acesse: https://atlas.fgv.br/marcos/de-castelo-branco-medici-1964-1975/mapas/trajetorias-das-organizacoes-de-esquerda-nos-anos
Segundo o jornalista Renato Dias, autor do livro Luta Armada/ALN –Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz:
“Ela nasceu na cidade de Leme, região de Campinas, no interior paulista. Quando era estudante mudou-se para a capital, onde acabou tendo contato com a revolução política e cultural da época, participando da luta política em 1968, quando ingressou na ALN, adotou estratégia de luta armada contra a ditadura civil e militar, participou do sequestro do avião da Varig, em Buenos Aires, que a levou para Cuba, onde participou de um treinamento civil-militar, juntamente com outros como José Dirceu e Franklin Martins. Ajudou a fundar a Molipo, dissidência da ALN. Voltou clandestinamente para o país, onde realizou ações armadas. Em 1973, mudou-se para Goiás, porque o projeto original da ALN e do Molipo era deflagrar a guerrilha rural, quando foi assassinada na fazenda Rio Doce, em Rio Verde, Goiás. Suas ossadas e as de seu companheiro, Marcio Beck Machado, foram sequestradas, em 1980.” (https://vermelho.org.br/2012/07/28/as-quatro-mortes-da-estudante-paulista-que-virou-guerrilheira/)
A revista Teoria e Debate também repercutiu o lançamento deste livro e o artigo sobre ele pode ser lido aqui: JOFFILY, Mariana. O renascimento de Maria Augusta. In. Teoria e Debate. Edição 109. 05/02/2013. Sobre o livro DIAS, Renato. Luta Armada/ALN –Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz. https://teoriaedebate.org.br/estante/as-4-mortes-de-maria-augusta-thomaz-luta-armadaaln-molipo/
Nesta outra matéria o jornalista conta um pouco mais do importante papel desempenhado pelas mulheres na resistência à ditadura. https://www.dm.com.br/cotidiano/2018/08/exercito-de-mulheres-da-aln/
No portal da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo encontramos mais detalhes da vida de Maria Augusta e do esforço do regime contra seus opositores, bem como um interessante vídeo sobre sua vida e morte.
http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/mortos-desaparecidos/maria-augusta-thomaz
Diversos documentos da repressão sobre Maria Augusta podem ser lidos no link abaixo.
http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/upload/001-documentos-perseguicao-Maria-Augusta_Thomaz.pdf
Também o Ministério Público Federal, apurando os crimes da ditadura, produziu um importante livro com mais de 300 páginas sobre a apuração de crimes da ditadura, como a ocultação do corpo de Maria Augusta.
Brasil. Ministério Público Federal. Câmara de Coordenação e Revisão, 2. Crimes da ditadura militar / 2ª Câmara de Coordenação e Revisão, Criminal. Brasília: MPF, 2017
Há também um Dossiê do Grupo Tortura Nunca Mais com informações importantes sobre o caso: https://www.torturanuncamais-rj.org.br/dossie-mortos-desaparecidos/brasil/
A Comissão da Verdade da PUC-SP também documentou depoimentos sobre as militâncias de Maria Augusta Thomaz e José Wilson Lessa, que pode ser visto aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=GnuRN0yz5FI
Enfim, com estas breve lista de referências – e há muitas outras – prestamos nossa homenagem à Maria Augusta Thomaz e a todas as mulheres e homens que lutaram contra a ditadura, em especial aos que deram sua vida por um mundo melhor.
