História do movimento operário no Brasil
Aula do professor Leandro Eliel Pereira de Moraes – Doutor em Educação

Este é o resumo da aula do professor
Leandro Moraes
realizada em 4 de maio de 2021.
História do movimento operário no Brasil
Leandro Eliel Pereira de Moraes – Doutor em Educação
I - Introdução - Contexto geral da colonização brasileira
“Em verdade, uma nação como o Brasil é uma invenção do capitalismo europeu. Em seguida, ela se torna ininteligível se não compreendemos a trama de relações com os Estados Unidos, a Alemanha, a França, a Inglaterra, a Itália, o Japão. Portanto, como povo, como organização econômica, como cultura, o Brasil é uma sucessão de desdobramentos da civilização capitalista, com centros dominantes externos. Daí a curiosa luta em busca da autenticidade. Daí a consciência ambígua, expressa no esforço pela formulação de uma civilização nos trópicos. Daí a consciência infeliz de um povo que busca seu destino no espelho de outros povos, sem dispor de todas as condições para tornar-se senhor do próprio destino”.
(IANNI, 1966, p. 27).
- Transição feudal capitalista
- Grandes Navegações e o pioneirismo português
- Mercantilismo e a colonização brasileira

- O debate sobre o modo de produção de riquezas no Brasil: feudalismo? Semifeudalíssimo? Capitalismo colonial? Dualismo de sistemas? (conforme texto de Mantega).
- Jacob Gorender publica, em 1978, uma obra e defende, a partir das próprias condições da formação social brasileira e a sua inter-relação com a dinâmica econômica mundial, uma ideia original, a existência de um modo de produção denominado Escravismo Colonial.
- Manuel Maurício de Albuquerque (1981) subdivide os períodos históricos em três grandes momentos:
- A economia escravista subordinada ao mercantilismo colonial (1500 – 1808)
- A economia escravista subordinada ao capitalismo mundial (1808 – 1888/9)
- A economia agroexportadora subordinada ao capitalismo monopolista (1888/9 – 1930)
POVOS PRIMITIVOS
- Origem: povos da Ásia oriental.
- Divergências sobre a ocupação do continente sul-americano: 10/12 mil anos; 40 mil anos.
- População estimada no território brasileiro: 6 milhões.
- Modo de produção primitivo – comunismo primitivo
- Trabalho apenas necessário.
II – Economia escravista subordinada ao mercantilismo colonial
- Economia açucareira e engenho como centro de poder local
- Escravismo
- Pacto Colonial
- Missões
- Papel da burguesia comercial portuguesa
- Domínio Espanhol (1580 – 1640)
- Domínio Holandês no Nordeste (1630 – 1654)
- Crise do açúcar (segunda metade do século XVII)
- Crise do comércio escravo
- Bandeiras
- Palmares (1580 - 1695)
- Economia mineradora
- Crise do sistema colonial
III – Economia escravista subordinada ao capitalismo mundial
- 1808: vinda da Corte para o Brasil e os impactos sobre a economia a sociedade
- Pressão inglesa sobre o escravismo
- Revolução do Porto (1820) e a volta de D. João VI (monarquia parlamentar)
- Independência
- I Reinado (1822-1831)
- Período Regencial (1831 – 1840)
- II Reinado (1840 – 1889)
- Revoltas
- Crise do Império
- Cafeicultura: parcerias, revoltas, colonato.
- Abolição da escravatura (1888)
- Proclamação da República (1889)
IV – Economia agroexportadora subordinada ao capitalismo monopolista
- Estrutura econômica:
- Fim do escravismo, trabalho assalariado não predominante
- Vinda da força de trabalho imigrante
- Economia agroexportadora, café representava 61,5% das exportações (1890)
- Lento processo de industrialização (têxtil 60%, alimentação 15%, química 4%, metalúrgica 3%)
- Tecnologia importada
- Pequenas indústrias, classe operária diminuta, maioria da população rural
- Crise de 1929, brutal queda no consumo do café
Estrutura de classes:
- Latifundiários
- Grandes colonos
- Burguesia (pequena, agrária, industrial, impor/export, comercial)
- Operários
- Pequenos colonos, meeiros, parceiros, sob domínios dos grandes fazendeiros.
Organizações e partidos:
- Anarquistas – primeiros dirigentes da classe operária brasileira, defendiam a ação direta contra o Estado por meio da greve geral insurrecional. Davam grande importância para a educação.
- Amarelos – “pelegos”, defendiam a colaboração de classes, corporativistas, defesa de sindicato único entre patrões e empregados, recebiam apoio governamental.
- Comunistas – participação institucional como forma de propaganda comunista, transição socialista para o comunismo.
- Socialistas – reformistas, participação política como centro das transformações, não defendiam a ruptura.
- Cristãos – Caridade como solução para os problemas sociais, colaboração de classes, não violência.
- Trotskismo – LCI (1929), Mário Pedrosa.
Presidentes da República Velha
- 1889 - Marechal Manuel Deodoro da Fonseca. Chefe do Governo Provisório e depois presidente eleito pela Assembleia constituinte.
- 1891 - Marechal Floriano Vieira Peixoto, assumiu com a renúncia de Deodoro.
- 1894 - Prudente José de Morais e Barros
- 1898 - Manuel Ferraz de Campos Sales
- 1902 - Francisco de Paula Rodrigues Alves
- 1906 - Afonso Augusto Moreira Pena (morreu durante o mandato)
- 1909 - Nilo Procópio Peçanha (vice de Afonso Pena, assumiu em seu lugar)
- 1910 - Marechal Hermes da Fonseca
- 1914 - Venceslau Brás Pereira Gomes
- 1918 - Francisco de Paula Rodrigues Alves (eleito, morreu de gripe espanhola, sem ter assumido o cargo)
- 1918 - Delfim Moreira da Costa Ribeiro (vice de Rodrigues Alves, assumiu em seu lugar).
- 1919 - Epitácio da Silva Pessoa
- 1922 - Artur da Silva Bernardes
- 1926 - Washington Luís (deposto pela revolução de 1930)
- 1930 - Júlio Prestes de Albuquerque (eleito presidente em 1930, não tomou posse, impedido pela Revolução de 1930).
- 1930 - Junta Militar Provisória: General Augusto Tasso Fragoso, General João de Deus Mena Barreto, Almirante Isaías de Noronha
Aspectos políticos e sociais:
- República Velha, política do “café com leite”, coronelismo, partidos republicanos regionais.
- Militares e oligarquias, Constituição de 1891, ascensão das oligarquias e a política dos governadores.
- Revoltas Populares na República Velha.
- Imigração, Industrialização, formação da classe operária e greve de 1917.
- PCB
- Declínio das oligarquias, crise, Semana de Arte Moderna, tenentismo e Coluna Prestes.
- Eleições, crise de 1929, crise do café e Revolução de 1930.
- A questão racial.
- Agrarismo X industrialismo
V – Período nacional-desenvolvimentista
- Era Vargas (1930-1954)
- JK, Jânio, Jango (1954-1964)
- Ditadura Militar (1964 – 1985)
- Era Vargas (1930 – 1954)
- Estrutura econômica:
- Crise do café
- Crescimento econômico, criação da FIESP, Roberto Simonsen X Eugênio Godin.
- Estado no comando da economia: infraestrutura para o desenvolvimento econômico.
- Combinação de industrialização com a manutenção da estrutura agrária.
- Conformação do Sistema de Relações de Trabalho.
- Energia (Paulo Afonso), Aço (CSN), Mineração (Vale do Rio Doce), Petróleo (Petrobrás), Eletrobrás, estradas, ferrovias, portos.
- Queda do investimento inglês, aumento do investimento alemão (curto período) e dos Estados Unidos.
- Substituição de importações
- 1940: indústria 16%, serviços 20%, agricultura 64%
- 1950: indústria 18%, serviços 22%, agricultura 60%
- Perfil do operariado, população rural, concentração de terras.
Estrutura de classes:
- Latifundiários
- Burguesia (variados setores)
- Setores médios
- Operários urbanos e rurais
- Camponeses
- Colonos
Organizações e partidos:
- PCB – CGTB, ANL
- Socialistas
- Anarquistas
- Trotskistas – LCI, POL, PSR, POR
- PTB – amarelos
Aspectos políticos e sociais:
- Aliança Liberal: composição e interesses heterogêneos.
- Em 3 de novembro de 1930, Vargas assume o Governo
Provisório, fecha o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e Municipais, cassa os mandatos dos governadores, revoga a Constituição de 1891 e governa por decretos-lei.
- Fim da República Velha, nova configuração política e social, conflitos entre as classes dominantes (Movimento Constitucionalista, Constituinte de 1934).
PCB:
- Internacional Comunista (Terceira Internacional), fundada em 1919; 21 condições para filiação; filiação do PCB em 1924; mudança de postura após 1923; centralidade política dos países desenvolvidos, América Latina recebe atenção após 1929.
- PCB não participou dos movimentos tenentistas de 1922 e 1924. Em 1927, o PCB procura Prestes e propõe uma terceira revolta, que não foi aceita.
- Resistência do PCB para a filiação de Prestes.
- Congressos do PCB: o de fundação (março/1922); II Congresso (maio/1925); III Congresso (dez-jan/1928-1929), tese principal: agrarismo (com apoio do capital inglês) X industrialismo (com apoio do capital estadunidense) e crise revolucionária.
- “proletarização”, filiação de Prestes, ANL, Levante Comunista.
- VI Congresso da IC: 3 níveis de revoluções e etapismo; convite do PCB ao Prestes para candidatar-se às eleições 1929; processo de proletarização do PCB (afastamento de Astrojildo Pereira e Otávio Brandão); dogmatização do marxismo; reestruturação do PCB em 1933.
- Prestes e a Conferência de Moscou: adesão de Prestes ao comunismo desde 1930, mas sua entrada do PCB foi somente em agosto de 1934; delegação brasileira em Moscou (1934) – “revolução brasileira estava na ordem do dia” e Prestes seria o dirigente (p.76); transferência do bureau sul-americano da IC para o Rio de Janeiro; volta de Prestes (1935).
- AIB (1932) - Fundada em 7 de outubro de 1932, existindo até dezembro de 1938, constituiu-se a partir de organizações de extrema direita, de fascistas e monarquistas. Expressão nacional no nazi-fascismo europeu. Principais lideranças: Plinio Salgado, Miguel Reale e Gustavo Barroso.
- Lei de sindicalização, greves, crise no movimento operário, CLT.
- Estado Novo.
- II Guerra Mundial, Política de Frentes Populares contra o nazifascismo.
- Política de União Nacional, Prestes Secretário Geral, Queremismo, “renúncia de Vargas”.
- Eleições de 1946, Constituinte, surgimento dos demais partidos nacionais, PCB como partido de massas, legalização e cassação do PCB.
- Governo Dutra (1946 -1951).
- Revolução Chinesa (1949).
- Manifesto de Agosto de 1950 – PCB: frente democrática de libertação nacional, dirigida pela classe operária; luta armada; movimento sindical independente.
- Eleições de 1950
2º Governo Vargas (1951 – 1954)
- Eleito pelo PTB, Vargas volta ao poder em 1950 e tenta diferenciar-se do ditador do Estado Novo. Indica conservadores para o MTIC, defende uma política nacionalista, desenvolvimentista e distributiva.
- UDN
- Radicalização do PCB no movimento operário.
- Vargas nomeia João Goulart (Jango) para o MTIC, que negociou e atendeu as reivindicações grevistas, suspendeu as intervenções, minimizou a repressão e a perseguição aos comunistas, defendendo uma política nacionalista com participação dos trabalhadores.
- A oposição acusa Vargas e Jango de “comunizarem” o país e de criarem uma “República Sindicalista”.
- Duplicação do salário mínimo. Campanha “Petróleo é nosso”. PTB à esquerda. Base comunista se aproxima do PTB, à revelia da direção. Reação e conspiração da UDN e de setores do exército. Jango se demite e defende um programa de reformas sociais.
- Greve dos 300 mil.
- Crise, acirramento da luta de classes, suicídio de Vargas.
- JK, Jânio e Jango
Estrutura econômica:
- Instrução 113 da SUMOC: abertura à indústria automobilística.
- Capital imperialista, indústrias multinacionais monopolistas.
- 1953: 23% indústria, 26% agricultura
- 1957: 24,4% indústria, 22,8% agricultura
- Concentração industrial
- Crescimento econômico: industrial 80%; construção civil 600%, aço 100%, mecânica 125%, eletrônica 380%.
- Produção de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos etc.)
- População rural.
- Concentração bancária.
Estrutura de classes:
- Latifundiários
- Burguesias (variados setores)
- Operários urbanos e rurais
- Setores médios
- Camponeses
Organizações e partidos:
- PCB
- PTB
- PCdoB
- POLOP • AP (depois ML)
- POR
- MNR (grupo dos 11)
- PSB
- Ligas Camponesas
- MASTER
Aspectos políticos e sociais:
- Café Filho (vice de Vargas) licencia-se, tentativa de golpe, eleições de 1955.
- Governo JK (1956 – 1961), desenvolvimentismo, plano de metas.
- IV Congresso do PCB (1954), impactos do XX Congresso do
PCUS, dissidências, Declaração política de março de 1958, V Congresso do PCB, aprofundamento da crise interna, fundação do PCdoB.
- Revolução Cubana (1959).
- Governo Jânio Quadros (1961), renúncia, tentativa de golpe, movimento pela legalidade.
- PCdoB, estratégia da guerra popular prolongada, luta no campo, etapismo.
- Governo João Goulart, parlamentarismo, plebiscito, intensificação da luta de classes, greve dos 700 mil, Reformas de Base, Comício dos 300 mil.
- Marcha da Família e da Propriedade, Golpe Militar, Operação Brother Sam.
Ditadura Militar (1964 – 1985)
Estrutura econômica:
- 1959: indústria 32%, agricultura 19% • 1970: indústria 36%, agricultura 10%
- 1980: indústria 33%, agricultura 13%
- Industrialização subordinada, infraestrutura para novos investimentos estrangeiros.
- Explosão das dívidas interna e externa.
- Arrocho salarial, fim da estabilidade e início do FGTS.
- Remessa de lucros. • “Milagre econômico”, crise após 1974.
- Concentração de propriedade e riqueza.
- Modernização do campo: agronegócio, exportação.
- Inflação.
Estrutura de classes:
- Burguesia (variados setores, destacando-se a burguesia imperialista)
- Latifundiários
- Operários urbanos e rurais
- Setores médios
- Camponeses
Organizações e partidos:
- AP – PRT, APML
- PCdoB – PCR, ALA VERMELHA
- PCB – DL (RS), ALN, PCBR, MR8 (RJ)
- POLOP – COLINA, MNR, VAL PALMARES, VPT, MEP
- POR – FBT, GC 1º DE MAIO
- PSB
Aspectos políticos e sociais:
- Governo Castelo Branco (1964 – 1967), AI-1, AI-2, SNI, Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
- Debate no PCB: desvio de direita ou de esquerda? Por que fomos derrotados?
- Fragmentação e divergências na esquerda:
- Força revolucionária fundamental: operariado/pequena burguesia urbana ou campesinato?
- Cenário principal da luta armada: cidade ou campo?
- Forma de luta armada: guerrilha urbana, sabotagens, expropriações, sequestros ou guerrilha rural?
- Bandeiras democráticas ou luta pelo socialismo?
- Divergência entre os militares: “duros” e “moles”
- A estratégia de combate à guerra revolucionária.
- Repressão, torturas, assassinatos, desaparecimentos de corpos
- VI Conferência do PCdoB, preparação da guerrilha do Araguaia, GPP, fixação na região.
- Dissidência da Guanabara (MR8), Mariguela e o foquismo, ALN, COLINA, PCBR, movimento sindical, luta armada, sequestros, VPR.
- Governo Costa e Silva (1967 – 1969).
- Governo Médici (1969 – 1974).
- Assassinato de Lamarca e Zequinha (1971).
- Araguaia: chega de novos militantes (1971), início dos combates (1972), morte de Oswaldão, fim da guerrilha (1974).
- Crise do Petróleo (1973), crise do Welfare State, neoliberalismo.
- Eleições de 1974: crescimento do MDB e início da crise política e econômica.
- Governo Geisel (1974 – 1979).
- Delfim Neto falsifica a taxa de inflação.
- Retomada das greves e do movimento operário e social.
- Assassinatos de Herzog (1975), Manuel Fiel Filho (1976), Massacre da Lapa (1976), com o assassinato de Pedro Pomar e Ângelo Arroyo.
- Santo Dias (1979).
- Governo Figueiredo (1979 – 1985).
